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Bem-estar de bovinos

Atualizado: 1 de set. de 2023


A ciência do bem-estar desenvolveu-se rapidamente entre os anos 1980 - 1990 e mostrou importante separação entre ciência e julgamento moral. Nos últimos anos o conhecimento do bem-estar dos animais de produção vem trazendo grandes avanços no processo produtivo. Os estudos científicos sobre o bem-estar dos animais são atualmente suficientes para formar parte das evidências nas quais as leis podem ser fundamentadas. Estas leis são imprescindíveis para fortalecer o suporte da regulamentação da produção animal. A utilização de bovinos na produção de alimentos, vestuário e até transporte desempenhou papel importante para a civilização humana. O sentimento de que os seres humanos têm a obrigação moral de garantir o bem-estar animal tornou-se amplamente difundido nos últimos anos e a ética veterinária mostrou-se em evidência. A profissão do médico veterinário está sendo significativamente transformada para atender à demanda do bem-estar dos animais com atuação em várias áreas de conhecimentos.


O termo bem-estar pode ser utilizado nas pessoas, nos animais domésticos, silvestres, de experimentações ou de produção. Tem relação com outros conceitos incluindo necessidades, liberdades, felicidade, adaptação, controle, capacidade de previsão, sentimentos, sofrimentos, sofrimento, dor, ansiedade, medo, tédio, estresse e saúde. Do ponto de vista conceitual, o bem-estar pode ser definido como o estado do indivíduo em relação às tentativas de adaptar-se ao seu ambiente. Pode ser mensurado e qualquer avaliação deve ser independente de considerações éticas. O bem-estar tanto pode ser adequado ou bom assim como pobre ou ruim. Quando o bem-estar é pobre, frequentemente haverá sentimentos ruins e o sofrimento é um sentimento negativo desfavorável que deve ser reconhecido e prevenido, sempre que possível. Historicamente o bem-estar dos animais de produção foi ocultado pela busca intensiva de melhores índices zootécnicos. Quando há inadequação do modelo físico, manejo e cuidados com a saúde, a dor e o sofrimento estão sempre presentes nos sistemas de exploração dos bovinos. Do ponto de vista médico a dor e o sofrimento animal são entidades nosológicas complexas e os seus diagnósticos, controles e tratamentos envolvem fatores que interagem não só com os animais, mas com o homem, o qual representa o problema central. Assim, o bem-estar passa a ser não só uma questão econômica, ética e humanitária, mas também uma questão legal.


Comportamento


O estudo do comportamento animal avançou muito nos últimos 40 anos. Técnicas modernas em etologia e psicologia contribuíram para o entendimento do bem-estar animal. Conhecer o comportamento dos bovinos é uma necessidade para todos aqueles que têm interesse na produção econômica dessa espécie. Os bovinos têm uma hierarquia de dominância ou ordem dentro do grupo. Esta hierarquia é imposta através de disputas entre os animais, sendo a força e a agressão determinantes para estabelecê-la. A altura, peso, idade, sexo, temperamento e chifres são fatores que também interferem em sua determinação. São animais sociais, portanto, devem sempre ser conduzidos em grupo para evitar reações como fugas, estresse, agitação e agressividade. A mistura de animais desconhecidos leva à luta e ao estabelecimento de uma nova hierarquia no grupo. Os animais vivem em equilíbrio dinâmico com o meio ambiente e a ele reagem de forma individual.


O ambiente é composto de fatores estressores que interagem e incluem todas as combinações nas quais o organismo vive. A intensidade e duração do agente estressor atua sobre o animal e desencadeia alterações fisiológicas, imunológicas e comportamentais. Portanto, para promover o bem-estar dos animais é importante perceber que os bovinos percebem o ambiente utilizando principalmente a visão, audição e olfato. Enxergam claramente, com noção de profundidade e têm visão lateral ampla e panorâmica para detectar movimentos, embora sem detalhes. São animais sociais e devem ser manejados em grupos. O ambiente de criação tem maior influência genética que o comportamento. Os comportamentos anormais podem ser resultado direto de problemas enfrentados pelos animais. As estereotipias são comportamentos anormais mais comumente apresentados pelos animais, são repetitivos e estão relacionados a alterações neuroquímicas no cérebro.


Instalações e manejo


O manejo dos animais no matadouro e frigorífico tem fundamental importância na segurança dos operadores e dos animais. Para que o manejo seja adequado e eficaz é fundamental conhecer o comportamento dos bovinos para reconhecer sinais de estresse e dor. Deve conhecer também as relações dos animais com o ambiente de produção e suas necessidades, para proporcionar, nas instalações e no manejo, os recursos que promovam melhorias no bem-estar dos animais. A capacitação e a valorização de pessoas responsáveis pelo manejo animal, que respeitam o comportamento e os cuidados na proteção de acidentes favorecem o bem-estar dos rebanhos. De forma semelhante, quando ocorre substituição de um funcionário por outro, de setor distinto, sem o treinamento para manejar os animais, não há reconhecimento das habilidades, pode comprometer o bem-estar.


No manejo adequado de vacas leiteiras os animais devem dispor de uma área destinada ao parto para reduzir o estresse e gerir a transmissão de doenças. Assim, deve existir um piquete maternidade em condições adequadas que permita a higienização e cuidados necessários à parturiente e aos recém-nascidos. A área pré-parto destina-se ao alojamento de vacas em grupo em ambiente com galpão adequado. No período pós-parto os animais devem ser mantidos em piquetes separados em galpão com estruturas que permitam o manejo e cuidados da saúde. Nos sistemas de criação de bovinos leiteiros deve existir área de farmácia e enfermaria destinado a realização de tratamentos e cuidados ambulatoriais necessários. Todos os produtores devem ter um plano de prevenção de doenças e tratamento de animais enfermos. A sala de ordenha deve ser adequada para permitir extração de leite em condições higiênicas para manter a qualidade do leite. O período de vida dos bezerros decorre entre o nascimento até o desmame e representa grande risco para a saúde dos mesmos, decorrente da elevada taxa de morbidade devido a problemas respiratórios e entéricos. Após o nascimento são mantidos em bezerreiros individuais ou coletivos para facilitar o manejo e alimentação. No bezerreiro coletivo os animais podem apresentar comportamento de sucção-cruzada, que causa problemas indesejáveis, como lesões, ingestão de urina e infecções.


Transporte


Os maus tratos podem ocorrer com maior frequência quando os animais são movimentados nas fazendas durante o manejo de embarque e desembarque de veículos, nas feiras ou currais de espera em frigoríficos. Durante o transporte, o esforço físico proporcionado por condições desfavoráveis, tais como agrupamento em currais, privação de alimento, alta umidade, densidade de transporte, embarque e desembarques inadequados, estresse psicológico, ocorrência de lesões, tipo de caminhão, distância, entre outras condições, podem interferir no bem-estar animal. No momento do embarque, quando na ocorrência de lesões graves, em que o animal não pode se locomover, apresentando sinais de dor e sofrimento intenso ou agonizante, a eutanásia torna-se inevitável.


Os bovinos são animais sociais, assim, no transporte para diferentes piquetes ou no transporte rodoviário devem ser alojados aqueles que vivem juntos no mesmo ambiente, para evitar brigas e promover o bem-estar. Rebanhos de algumas fazendas podem ser mais difíceis de manejar do que outras, pelo fato de serem tratados de forma diferentes. Por isso, nos currais de matadouros existem animais de distintos comportamentos. Quando entram no transporte, os animais têm comportamento curioso, tendem a explorar o espaço e encontrar locais onde possam se deitar, caso seja possível, tendo em vista que em muitos casos as estradas são inadequadas envolvendo movimentos bruscos com ocorrências de contusões e fraturas, que prejudicam o bem-estar. A distância percorrida é uma fonte importante de estresse, tanto físico quanto psicológico, com agravante da restrição alimentar e aumento de risco de contusões, entre outras lesões. Em casos extremos os animais podem ser pisoteados ou ocorrência de óbitos. Neste contexto, o manejo de transporte, condições de veículos de transporte, instalações de embarque e desembarque e treinamento de pessoas são condições necessárias para promover o bem-estar no transporte de bovinos.


Nutrição


A alimentação dos bovinos é um fator complexo que envolve decisões e depende de uma série elaborada de habilidades mentais, motoras e digestivas. A ingestão de alimentos pelos bovinos depende da alta mobilidade da língua na apreensão, mastigação e deglutição. Movimentos da cabeça e passos são necessários no processo de alimentação à pasto. Os bovinos alimentados em estábulos também modificam seu comportamento alimentar, de acordo com o alimento oferecido. A alimentação de bovinos confinados pode levar a dificuldades nutricionais com ocorrências de doenças clínicas de nutrição, notadamente nos bovinos leiteiros.


O sistema de criação de vacas leiteiras de alta produção quando não atende as exigências nutricionais e de manejo causam perdas na produção leiteira e pode desencadear com a morte. Nos confinamentos podem existir problemas de nutrição associadas aos tipos de pisos escorregadios, umidade excessiva, ásperos e irregulares que causam acidentes e afecções digitais, como laminites e pododermatites associadas a claudicação e dor. O confinamento de bovinos destinados à corte minimiza os efeitos da escassez de pastagens no período seco do ano. Impactam o bem-estar pela na redução de áreas disponíveis por animal e na manutenção e cuidados no manejo com mudanças da alimentação, agrupamentos de animais de diferentes regiões, exposição a diferentes patógenos e intempéries. Animais confinados sob restrição de espaços apresentam alterações do comportamento em decorrência do estresse social, interações agressivas e competições. A saúde pode ser afetada por ocorrência de afecções digitais agudas ou crônicas, indigestões, pneumonias e infestações por ectoparasitos. O período de transição, pré-parto e pós-parto, é caracterizado pela ocorrência de mudanças hormonais e metabólicas e geralmente está associado pela diminuição de ingestão de alimentos e balanço energético negativo, predispondo os animais a incidência de doenças metabólicas e queda na produção de leite.



Imagem: Hippopx


Saúde


O bem-estar de um animal doente é sempre mais pobre que o bem-estar de uma animal que não está doente, embora pouco se saiba o grau de sofrimento sobre associado a muitas doenças. O grau de pobreza do bem-estar é variável e deve ser avaliado cientificamente. Assim com o bem-estar, a saúde pode referir-se a uma gama de estados e pode ser qualificada como boa ou pobre.


A demanda por sistemas intensivos de produção é uma realidade mundial com tendência de crescimento nas últimas décadas. Com o aumento de pressão de seleção e manejo, os animais os sistemas passaram a apresentar limitações no atendimento das necessidades físicas, comportamentais e psicológicas dos animais. A magnitude dos efeitos das doenças dos animais tem sido considerada importante e necessária, notadamente nos animais de produção, que são submetidos aos desafios da exploração econômica para produção de alimentos, para o consumo humano e para os próprios animais.


Os modernos sistemas de exploração de bovinos colocam a assistência médico-veterinária em grande desafio. Taxa de mortalidade, desempenho reprodutivo, quantidade de comportamento anormal, gravidade de lesões corporais e nível de incidência de doenças podem ser medidos. A dor desencadeia baixo grau de bem-estar e o comportamento é a ferramenta principal para avaliação, controle e prevenção. A dor e o sofrimento estão presentes em todos os sistemas de criação e as afecções digitais constituem um dos principais problemas do aparelho locomotor que causam dor. Dentre os animais domésticos os animais de produção são os que mais sofrem dor, tanto pelo fato de que raramente recebem profilaxia ou tratamento analgésico em condições clínicas, como pelo fato que são submetidos a diversos procedimentos cruentos, como castração, descorna, caudectomias, marcação com ferro quente, entre outros, com finalidade de melhorar o manejo e aumentar a produção.


A ocorrência de “doenças da produção” em rebanhos sinaliza a necessidade de prover melhorias na qualidade de vida dos animais, incluindo prevenção de doenças e técnicas de manejo adequado, permitindo que os animais atinjam seu potencial genético sem prejuízos para saúde e bem-estar. Destas doenças, as metabólicas causam elevada mortalidade e morbidade e apresentam grande importância nos sistemas intensivos com aplicação de tecnologias modernas, havendo necessidade de aplicação de medidas de prevenção rigorosas, notadamente no período de transição (pré-parto e pós-parto). Este período é compreendido no intervalo de três semanas antes e três semanas após o parto. Está associado a mudanças drásticas no estado fisiológico, nutricional, anatômico e comportamental, preparando para um novo parto e lactogênese. As doenças da produção mais comuns são representadas pela mastite, edema de úbere, afecções digitais, deslocamento de abomaso, indigestões por sobrecarga alimentar, acidose e alcalose do rúmen, hipocalcemia/hipomagnesemia, cetose, síndrome da vaca caída, tetania das pastagens ou hipomagnesêmica, retenção das membranas fetais, metrites, entre outras.


Reprodução


O avanço na ciência em relação ao manejo reprodutivo tem proporcionado progresso à produção animal. Em bovinos as biotecnologias reprodutivas passaram a ser utilizadas com objetivo de potencializar o uso de reprodutores com elevado mérito. No entanto, algumas biotécnicas da reprodução tem o potencial de comprometer o bem-estar animal. Entre elas a eletroejaculação é um método utilizado em exames andrológicos de campo para coletas de sêmen em para realização de espermogramas, exames necessários para avaliação de fertilidade de touros, bem como coletas de sêmen para comercialização em centrais de inseminação artificial. Este procedimento pode afetar o bem-estar se métodos alternativos, como por exemplo o uso da vagina artificial e modelos de eletro ejaculadores mais eficientes, bem como aperfeiçoamento do procedimento e manejo humanitário durante as coletas de sêmen podem trazer melhorias no bem-estar animal.


No sistema de criação o manejo da gestante e a assistência ao parto da fêmea bovina devem ser diferenciados, pelo fato da mesma estar incluída numa categoria especial. As fêmeas gestantes devem ser alojadas em piquetes separados, para facilitar o manejo. No terço final da gestação devem ser transferidas para piquetes menores, conhecido como piquete maternidade. Este piquete deve ser apropriado para oferecer bem-estar à gestante, no período antes e após o parto e garantir cuidados da parturiente e do recém-nascido. O parto de bovinos leiteiros deve ser assistido, à medida do possível, para realizar auxílio obstétrico, quando necessário. Nos primeiros dias após o parto os bezerros podem estar sujeitos a problemas entéricos e respiratórios. São privados de suas mães muito precocemente e alojados em espaços restritos, em bezerreiros coletivos ou individuais privados de contatos sociais para facilitar aleitamento artificial e suplementação alimentar.


Abate humanitário


Nas últimas décadas passadas o abate de animais de produção vinha sendo considerado um procedimento tecnológico de grau científico inferior, não compondo um assunto estudado por universidade, institutos de pesquisa e indústria. Este tema ganhou importância quando ficou evidente a influência da qualidade da carne e seus produtos no comércio nacional e internacional. Posteriormente, temas relacionados ao bem-estar e abate humanitário começaram a ter destaque na comunidade científica, indústrias e consumidores, não somente pela qualidade da carne, mas também para evitar sofrimentos desnecessários no processo de abate.


O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) fez previsão que até o ano de 2020 a produção brasileira de carnes deveria fornecer 44,5% do mercado mundial, sendo este o grande desafio do Brasil para manter medidas efetivas de abate humanitário e liderar como exportador mundial de carnes bovinas. Para tanto, se torna necessário o investimento em estudos e discussões no aperfeiçoamento neste importante tema para utilização nas auditorias e na definição de um protocolo pericial direcionado ao abate humanitário. O estresse dos animais destinados ao abate inicia no momento do embarque, pelo abandono do local onde viviam e estavam habituados. Os animais devem ser desembarcados logo na chegada do frigorífico e os currais de espera devem oferecer ambiente tranquilo onde possam descansar sem interferências de funcionários que possam causar estresse. No box de insensibilização o animal deve ser contido de forma que não permita movimentos para um correto procedimento de atordoamento. A contenção adequada da cabeça promove melhoria do bem-estar, com limitações de movimentos da cabeça para facilitar o disparo com precisão. Nesta Instrução contempla ainda que não é permitido espancar os animais, agredi-los ou erguê-los pelas patas, chifres, pêlos, orelhas ou caudas, ocasionados dores. Quando o abate não está de acordo com a legislação pode ser considerado como maus-tratos, entretanto, esta legislação faz ressalva nos abates destinados às comunidades religiosas.


Perícias de bem-estar


No Brasil as perícias veterinárias vêm evoluindo, passando a ser aplicadas em questões relacionadas à saúde animal, saúde única, defesa do consumidor e meio ambiente. O sistema de criação e sua grande extensão do local representa o corpo de delito na investigação. Este sistema precisa garantir as necessidades fisiológicas, comportamentais e psicológicas dos animais. A falta de assistência veterinária e o exercício ilegal da profissão nesta assistência comprometem o bem-estar dos bovinos, a qualidade do leite e a saúde única.


Perícias em comportamento e avaliação do bem-estar animal são áreas que o médico veterinário seja capaz de prestar auxílio à justiça. Para tanto, o perito veterinário pode realizar exame de corpo de delito através de investigações legais e forenses de todo sistema de criação, envolvendo um animal ou todo rebanho, incluindo instalações, manejo e meio ambiente para elaboração de provas e laudo pericial. Os laudos periciais de bem-estar são documentos técnicos científicos que auxiliam a justiça e podem contribuir na elaboração de leis que geram novo paradigma de exploração. Os casos de negligência, imperícia e imprudências podem gerar provas de maus-tratos, crueldade e abusos contra os animais. Em denúncias de maus-tratos já é possível que o médico veterinário assume papel importante na realização de perícias de bem-estar e auxilie as autoridades judiciais nas decisões legais.


Considerações finais


A demanda por sistemas de produção altamente rentáveis é uma realidade nacional e internacional com tendência de crescimento nas próximas décadas. O reconhecimento da necessidade de iniciar e manter modelos de sistemas de criação de bovinos com padrão econômico, ético e humanitário tem sido um grande desafio na pecuária bovina. O conhecimento científico na área de bem-estar de bovinos ainda é recente e a aplicação do conhecimento já existente ainda é limitado, embora seja perceptível um avanço na qualidade de vida dos animais. Conhecer sobre o comportamento, manejo e instalações dos bovinos para reconhecer os sinais de estresse, dor, sofrimento e maus-tratos é fundamental para o bem-estar desta espécie.


As ações humanas que levam a baixo grau de bem-estar de bovinos incluem maus-tratos, negligência, imperícia e imprudência em sistemas de produção inadequados. A dor e o sofrimento animal são condições mórbidas que causam maior impacto no bem-estar animal, comprometem a produtividade e causa prejuízos aos produtores, necessitando ser controlados. Deve-se considerar também que o bem-estar animal não corresponde obrigatoriamente à qualidade sanitária, mas sim uma preocupação ética e moral dos consumidores. As ações das auditorias e a medicina veterinária legal têm importante contribuição no balizamento das questões judiciais e éticas nesse processo.


O médico veterinário desempenha papel fundamental como sentinela na promoção do bem-estar animal e ocorrência de maus-tratos e crimes contra a dignidade animal. Tem a competência e a capacitação na realização de perícias de bem-estar animal. Auxilia a justiça nas decisões judiciais e contribui na elaboração de leis importantes para saúde animal e bem-estar animal, saúde única e proteção animal.



 

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SOBRE O AUTOR


Jackson Barros do Amaral


Médico Veterinário, Pesquisador Científico - Secretaria de Agricultura e Abastecimento - SAA - Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios - APTA - Instituto Biológico - Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Sanidade Animal - Avenida Conselheiro Rodrigues Alves, 1252, Vila Mariana-CEP 04014-900-São Paulo–SP, E-mail Jackson.amaral@sp.gov.br


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